DuoStim : visão do Lab.

21 mar, 2022

No caminho percorrido pelo casal infértil existem muitas opções, muitos procedimentos.  Informações são colocadas no consultório, tantas técnicas podem ser utilizadas, mas quantas delas são realmente necessárias? Para que esse caminho não seja tão árduo, estressante o acompanhamento de um especialista é imprescindível e as decisões sobre o melhor tratamento devem ser compartilhadas entre o paciente e seu médico.

Na última década muitas inovações foram sendo implementadas na Fertilização in vitro (FIV), tais como cultura de blastocistos, transferência de um único embrião, criopreservação, testes genéticos pré implantação, procedimentos esses que representam um importante avanço na prática clinica para melhorar o tratamento do casal infértil. Todos os esforços investidos no refinamento da FIV durante essa última década tiveram como objetivo melhorar a eficácia (número de crianças nascidas por tratamento) e a eficiência (tempo, desistências, e riscos relacionados a cada tratamento). Tendo em vista essas inovações, cada vez mais se faz necessário focar em um tratamento individualizado, se pararmos para pensar que nem todos os pacientes possuem a mesma reposta.

Infelizmente, pacientes com prognóstico baixo ainda são desafiadores, nessa categoria encontramos as pacientes com idade materna avançada e as más respondedoras. A avaliação da resposta a estimulação ovariana controlada (sigla em inglês COS: controlled ovarian stimulation) é crucial para a individualização do tratamento e estimar as chances de sucesso e os riscos inerentes devido a possíveis complicações.

Dentre essas técnicas inovadoras se encontra o Duostim, que em um primeiro momento foi descrito sua utilização nas pacientes oncológicas, objetivando a dupla estimulação ovariana no mesmo ciclo menstrual para que fosse realizada duas punções ovarianas com o objetivo de aumentar o número de óvulos coletados e criopreservados, economizando o tempo antes do tratamento oncológico.

Recentemente, o Duostim tem sido utilizado em mulheres com baixa reserva ovariana, essa estratégia tende a aumentar o número de óvulos captados em um mesmo ciclo menstrual podendo então aumentar as taxas de gravidez e o tão sonhado “bebê em casa “.

Mas e qual é a visão do lab quando utilizamos o Duostim?

De acordo com estudos realizados o Duostim é útil para as pacientes por aumentar o número de oócitos coletados maximizando assim a taxa acumulativa de nascimento por tratamento que é uma medida atual de sucesso nos tratamentos de fertilização in vitro. Duostim parece também, de acordo com Bosch e colegas (1), reduzir o tempo em se obter blastocistos euploides evitando assim a descontinuidade do tratamento.

Resultados com relação a qualidade dos oócitos coletados, desenvolvimento embrionário in vitro, taxa de aneuploidia, em um trabalho realizado Filippo Ubaldi e colaboradores (2), justifica a utilização dessa abordagem, apesar de as conclusões finais com relação a gravidez, taxa de nascidos vivos e de bebês em casa assim como a detecção de complicações perinatais e anomalias pós-parto serem indispensáveis e estarem sendo avaliadas. Dados promissores de Chen et al indicam não ter sido encontrada nenhuma taxa elevada de defeitos ao nascimento após a utilização do protocolo de Duostim.

Outro fator que não pode ser esquecido é que o Duostim não permite a transferência embrionária a fresco, sendo indispensável a criopreservação.

Portanto, do ponto de vista do laboratório, dados preliminares indicam que o número de óvulos, embriões geneticamente saudáveis (euplóides), são semelhantes se compararmos a primeira coleta e a segunda coleta, não podemos esquecer que a idade materna tem um importante papel. A indicação do Duostim deve ser muito bem avaliada pelo médico pois pouco se sabe sobre a real eficácia dessa técnica e se realmente a utilização do Duostim é uma estratégia para se vencer a infertilidade.

 

  • DuoStim – a reproducible strategy to obtain more oocytes and competent

embryos in a short time-frame aimed at fertility preservation and IVF purposes.

A systematic review  . UPSALA JOURNAL OF MEDICAL SCIENCES

2020, VOL. 125, NO. 2, 121–130

https://doi.org/10.1080/03009734.2020.1734694

 

2 – Follicular versus luteal phase ovarian stimulation during the same menstrual cycle (DuoStim) in a reduced ovarian reserve population results in a similar euploid blastocyst

formation rate: new insight in ovarian reserve exploitation . Fillipo Maria Ubaldi, M.D., M.Sc.,a,b,c Antonio Capalbo, Ph.D.,a,b,c Alberto Vaiarelli, M.D., Ph.D.,a,b

Danilo Cimadomo, M.Sc.,a,b,d Silvia Colamaria, M.D.,a,b Carlo Alviggi, M.D., Ph.D.,d,e

Elisabetta Trabucco, M.D.,a,b Roberta Venturella, M.D.,a,b,f Gabor Vajta, Ph.D.,  g,h and Laura Rienzi, M.Sc.a,b,c Fertility and Sterility® Vol. 105, No. 6, June 2016 0015-0282

Copyright ©2016 The Authors. Published by Elsevier Inc. on behalf of the American Society for Reproductive Medicine. This is an open access article under

the CC BY-NC-ND license (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

http://dx.doi.org/10.1016/j.fertnstert.2016.03.002

 

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Ivana Rippel Hauer