Assisted Hatching, fazer ou não?

09 set, 2022

Assisted Hatching (AH) é uma técnica já utilizada a décadas, ela consiste em literalmente realizar uma abertura na zona pelúcida do embrião.

Até meados de 2005, as duas principais técnicas eram a abertura mecânica e a química da zona pelúcida. Depois deste período foi criada o assisted hatching por laser de ablação de zona pelúcida. Os métodos mecânico e químico são altamente dependentes do embriologista, pois necessitavam de um treinamento extenso para sua realização.

O método mecânico consiste em transpassar uma pipeta de vidro específica, chamada partial zona dissection (PZD) pela zona pelúcida e apoiá-la na lateral da Holding para cortar a zona pelúcida e abrir um tampo para facilitar a eclosão do embrião. Portanto o embriologista que realiza essa técnica deve estar bem treinado para minimizar os riscos de transpassar o embrião ou atingir algum blastômero durante o processo e deve ser realizada entre os dias dois e quatro de cultivo, devido ao espaço entre os blastômeros e a zona pelúcida.

A técnica de ablação da zona pelúcida pelo método químico é realizada com o auxílio de um meio de cultura acidificado chamado Tyrode´s. Esse meio é constituído pelos mesmos componentes básicos de um meio de cultura comum, entretanto, ele é acidificado para um pH em torno de 2,5 devido a introdução um ácido orgânico, como por exemplo o clorídrico para o ajuste do pH. O protocolo é extremamente simples onde o embriologista preenche a micropipeta com o ácido, posiciona a pipeta em frente ao embrião e libera o meio tyrode´s que em contato com a zona pelúcida, literalmente a “derrete” e abre um buraco para a eclosão do embrião. Esse método caiu em desuso devido a algumas desvantagens, tais como treinamento do embriologista e riscos de mudanças bruscas do pH local, que podem vir a prejudicar o embrião.

Após 2005 foram criados dispositivos a laser que podem ser utilizados para a realização da ablação da zona pelúcida, entretanto, somente após alguns anos esses equipamentos foram lançados no mercado de reprodução humana, com a principal função de abertura da zona pelúcida para a realização da biópsia embrionária.

O Hatching por laser foi uma quebra de paradigmas para a micromanipulação de gametas e embriões, pois essa técnica simplificou muito os protocolos de abertura da zona pelúcida e por fim a biópsia de blastocistos. Embora existam outras técnicas para a abertura da zona pelúcida, o laser trouxe muito mais simplicidade e facilidade para o embriologista, com isso, ganhou-se tempo e qualidade na manipulação dos embriões, o que refletiu nos resultados do laboratório.

Nos dias de hoje o Assisted Hatching é utilizado por muito embriologistas de for incorreta e devido a isso, muito deixaram de utilizá-la julgando ser ineficaz para o aumento das taxas de implantação. Como qualquer técnica, a abertura da zona pelúcida não se aplica a todos os embriões. Entretanto, a literatura mostra que as taxas de implantação aumentam quando esta é aplicada para embriões com zona pelúcida espessa, embriões pós descongelamento e embriões oriundos de oócitos descongelados. Um outro fator que impacta nos resultados, é a forma de Hatching assistido, o ideal é realmente abrir a zona pelúcida para que o embrião ecloda de forma fácil. Em alguns estudos que não obtiveram diferença, os autores faziam um furo muito pequeno na zona ou apenas afinavam a zona pelúcida do embrião.

O período ideal para a realização desta técnica é entre as fases iniciais de clivagens até o estágio de mórula (Dias 2 a 4). Neste período, os blastômeros do embrião estão uma distância maior da zona pelúcida atribuindo maior segurança para abertura da zona.

Embora existam muitos laboratórios que ainda não utilizam o assisted hatching devido ao fato de não ter o laser, ou de não acreditar que essa técnica possa melhorar as taxas do laboratório. A abertura da zona pelúcida é uma tecnologia que pode ser implantada com relativa facilidade e pode trazer benefícios para o laboratório com segurança para os embriões.

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