Erros comuns na biópsia embrionária

02 maio, 2023

A biópsia embrionária consiste na remoção de algumas células do embrião para que sejam analisadas quanto a presença de alterações genéticas. Essa técnica inicialmente realizada no terceiro dia de desenvolvimento, quando o embrião está com 8 células, uma era removida. Recentemente, com o avanço nos sistemas de cultivo e melhores taxas de desenvolvimento embrionário até o estágio de blastocisto a biópsia passou a ser realizada no estágio de blastocisto, podendo ser realizada entre os dias 05, 06 e 07 do desenvolvimento embrionário e possibilitando a remoção de 05 a 10 células do trofectoderma.

Embora seja uma técnica de rotina e bem consolidada em muitos laboratórios de FIV o sucesso da técnica está muito relacionada a experiência do embriologista que a realiza e também a capacidade de prevenir erros e amenizar dificuldades.

Não é meu objetivo neste texto descrever a técnica mas listo abaixo alguns pontos de atenção para a realização do procedimento:

 

1 – Seleção Embrionária: muito importante respeitar o tempo do embrião, quanto mais expandido estiver mais células terá e menor será o impacto da sua biópsia. Entretanto, embriões muito expandidos podem tornar sua biópsia um pouco mais difícil se você fizer a abertura da zona no momento da biópsia, mas isso não seria um problema para quem faz em d3. Ideal é que a biópsia seja feita em blastocistos grau III ou IV.

2 – Intervalo Tubing: não demorar mais do que 30 minutos para a realização do tubing após a biópsia.

3 – Congelamento: Não congele seu embrião antes de realizar o tubing. Caso perca a célula ou dê algo errado no tubing você ainda poderá rebiopsiar o embrião.

4 – Tubing: acredito que os erros mais comuns desta técnica estejam no tubing, boa parte das pessoas não enxergam as células quando realizam o tubing. É muito importante que você veja as células saindo de sua pipeta e ficando no fundo do tubo.

5 – Lavagem das células: muito cuidado com as soluções “wash” fornecidas por alguns laboratórios de genética, eu mesmo já não uso mais após um episódio durante um treinamento que estava dando ao colocar as células na solução de wash elas “explodiram”. Provavelmente um erro no preparo da solução causou alteração de osmolaridade e o rompimento das células. Desde então não utilizo mais essas soluções, para lavar a minha pipeta eu uso o mesmo meio tamponado que uso para realização da biópsia.

6 – Excesso de LASER: o excesso de tiros de LASER em um mesmo ponto irá “fritar” as suas células causando uma espécie de fibrose, dificultando seu rompimento e degenerando células adjacentes prejudicando a análise genética também.

7 – Identificação dos tubos: Muito importante preparar todo o material e realizar as devidas identificações dos tubos e placas antes do início do procedimento. Utilizar luvas e máscara para manter a assepsia e evitar contaminação com DNA ambiental e do operador no material.

 

Outros pontos também são importantes e devem ser considerados mas tentei listar aqui pontos onde frequentemente percebo que as pessoas não percebem que podem estar errando.

Recomendável sempre fazer uma auto-avaliação ou se for um Diretor de Laboratório avalie os resultados de acordo com cada embriologista considerando sobrevivência embrionária pos biopsia, gravidez e também a taxa de informatividade do material enviado para a genética.

 

Autor:

Bernardo R. Lamounier de Moura
Diretor EmbrioLogica Consultoria
Diretor do Laboratórios de FIV do grupo Gerar in Vitro
Especialista em Gestão Laboratorial e Biópsia Embrionária.

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