Como evitar danos durante a criopreservação de óvulos

22 nov, 2023

No cenário da medicina reprodutiva, o congelamento de óvulos representa um importante marco. Esta técnica oferece às mulheres a oportunidade de preservar sua fertilidade, possibilitando a concepção em um momento mais oportuno, de acordo com seu desejo. No entanto, é crucial entender os cuidados necessários para evitar danos durante o processo de congelamento, já que estamos falando de uma técnica bastante sensível e delicada. Algumas práticas na técnica de criopreservação de oócitos devem ser consideradas, visando assegurar que cada óvulo congelado tenha a melhor chance de sobrevivência e sucesso no futuro.

  • Seleção e preparo dos óvulos:

A qualidade dos óvulos é um fator crucial para o sucesso do congelamento. A seleção criteriosa, baseada em parâmetros morfológicos e maturidade é imperativa. Além disso, uma preparação adequada antes do congelamento é essencial para proteger a integridade dos óvulos. Por isso, se faz necessária uma denudação minuciosa, respeitando o intervalo de tempo na solução de hialuronidase e o cuidado na remoção mecânica das células do complexo cumulus-corona.

  • Escolha do crioprotetor:

A escolha do crioprotetor a ser utilizado também desempenha um papel fundamental na técnica de congelamento de óvulos. Diferentes substâncias têm propriedades específicas que afetam a taxa de sobrevivência pós-descongelamento. Características como a solubilidade em soluções salinas aquosas, baixo peso molecular para rápida e completa penetração na célula, baixa toxicidade e alta estabilidade em temperaturas reduzidas devem ser consideradas e cabe a cada laboratório testar e escolher o crioprotetor que melhor se adequa na sua rotina e que entrega melhores resultados de sobrevivência.

  • Técnicas de congelamento:

Existem duas técnicas principais de congelamento de óvulos: a vitrificação e o congelamento lento. Cada um tem suas vantagens e considerações específicas. A vitrificação é a técnica frequentemente preferida pelos embriologistas, devido à alta taxa de sobrevivência dos óvulos, a redução da formação de cristais de gelo em seu interior e por ser um procedimento relativamente rápido. É importante frisar que o tempo correto de exposição dos óvulos, tanto na solução de equilíbrio quanto na solução de vitrificação, é essencial para o sucesso da técnica. A agilidade em se colocar os óvulos na haste de vitrificação, de forma a deixar o menor volume de meio possível, e mergulhá-los no nitrogênio líquido também é imprescindível para se obter altas taxas de sobrevivência portanto, a experiência do embriologista também é um importante critério a ser considerado.

  • Monitoramento e armazenamento adequados:

Após o congelamento, um sistema de rastreamento confiável é fundamental. Cada amostra deve ser claramente identificada, documentando todas as informações pertinentes, como nome da paciente, data do congelamento e quantidade de óvulos congelados. O armazenamento em tanques de nitrogênio líquido apropriados é crucial para manter a estabilidade e viabilidade dos óvulos, portanto se faz necessário um monitoramento do nível de nitrogênio e temperatura de cada tanque.

 

Autora:

Camila Cruz de Moraes

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (2013). Mestre em Ciências Aplicadas ao Câncer pela Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (2017). Atualmente é embriologista sênior do laboratório de fertilização in vitro do grupo Huntington/Pró-Criar em Belo Horizonte. Possui experiência de mais de 10 anos na área de embriologia, andrologia, fertilização in vitro, vitrificação de gametas e embriões, transferência embrionária e biópsia embrionária para teste genético pré-implantacional.

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