Por que não engravidei com meu embrião euploide?
24 jun, 2024
Dentro do universo da fertilização in vitro, muito se discute sobre as tecnologias associadas aos tratamentos que aumentam as chances de gravidez ou reduzem o tempo até o tão esperado beta positivo. Uma dessas tecnologias é o Teste Genético Pré-implantacional para Aneuploidias (PGT-A), capaz de identificar se o embrião analisado é euploide, ou seja, possui o número adequado de cromossomos (46).
Embora o PGT-A seja indicado para casos como idade materna avançada, aborto de repetição, falha de implantação, alteração genética dos pais, entre outros, muitos pacientes optam por realizar a análise mesmo sem uma indicação clínica direta, pois acreditam que assim irão aumentar suas chances de sucesso. No entanto, por que alguns pacientes não engravidam do embrião euploide?
Considerando a transferência de um único embrião geneticamente normal, a taxa de sucesso é de aproximadamente 60%. Diversos fatores podem influenciar os 40% de resultados negativos, dentre eles a espessura e receptividade do endométrio, sincronização entre endométrio e embrião, níveis hormonais como TSH e progesterona, qualidade morfológica do embrião, como sua expansão, massa celular interna e trofectoderma, bem como o dia de desenvolvimento até o estágio de blastocisto (5º / 6º / 7º dia).
Além desses fatores, precisamos também levar em consideração o fato de que o PGT-A analisa apenas algumas células do embrião biopsiado, ou seja, existe uma pequena possibilidade de que aquela amostra não seja representativa do embrião como um todo, podendo este ser um embrião mosaico. Tendo parte das células normais e parte das células com alterações cromossômicas, as chances de sucesso diminuem.
Vale ainda ressaltar que, mesmo com um resultado positivo a partir da transferência de embrião euploide, ainda existe a possibilidade de abortamento durante o desenvolvimento gestacional, podendo estar relacionado à fatores endometriais, hormonais, genéticos do embrião (doenças não associadas ao número cromossômico) além de fatores externos, como pressão alta ou diabete gestacional, por exemplo.
Em busca dos melhores resultados, é essencial buscar um profissional qualificado em fertilidade que possa oferecer tratamento de forma humanizada e individualizada, avaliando as chances de sucesso.
Camila Liupkevicius
Biomédica e Embriologista Sênior na Clínica Fertilidade e Vida