A Lei de Biossegurança e Seus Impactos na Reprodução Humana Assistida

24 fev, 2025

A Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005) desempenha um papel central na regulação da biotecnologia no Brasil, incluindo aspectos essenciais da reprodução humana assistida. Essa legislação estabelece normas para a pesquisa e o uso de organismos geneticamente modificados (OGMs) e autoriza, sob condições específicas, a utilização de células-tronco embrionárias para fins terapêuticos e científicos.
No contexto da reprodução assistida, a Lei de Biossegurança garante segurança e controle sobre a manipulação de embriões e gametas, regulando o uso de embriões excedentes de fertilização in vitro para pesquisa. Ela estabelece que esses embriões podem ser utilizados se estiverem congelados por mais de três anos e se houver consentimento formal dos genitores. Dessa forma, a legislação permite avanços científicos enquanto estabelece limites éticos fundamentais.
A lei também diferencia a clonagem terapêutica da reprodutiva. Enquanto a clonagem reprodutiva é proibida, a clonagem terapêutica é permitida para pesquisa biomédica, possibilitando o desenvolvimento de tratamentos inovadores. As células-tronco embrionárias, ao terem a capacidade de se diferenciar em diversos tipos celulares, apresentam um imenso potencial na medicina regenerativa e no tratamento de doenças degenerativas, como Parkinson e Alzheimer.
No âmbito dos laboratórios de reprodução assistida, a Lei de Biossegurança atua em conjunto com as resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Federal de Medicina (CFM). A RDC 771/2022 da Anvisa, por exemplo, estabelece requisitos técnicos para garantir a qualidade e segurança da manipulação de gametas e embriões. Já a Resolução CFM nº 2.320/2022 define limites para a transferência de embriões e regula a doação de gametas, protegendo tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes envolvidos nos procedimentos.
O impacto da Lei de Biossegurança na reprodução assistida também se reflete na criação e manutenção de bancos de embriões e gametas. A legislação impõe normas para rastreabilidade e armazenamento adequado do material biológico, garantindo que todas as etapas da fertilização in vitro ocorram com a máxima segurança e dentro dos padrões éticos estabelecidos.
Entretanto, o uso de embriões para pesquisa ainda gera debates éticos. A discussão sobre a moralidade da manipulação de embriões humanos para fins científicos levanta questionamentos sobre os direitos do embrião e o equilíbrio entre avanço tecnológico e princípios bioéticos. Além disso, desafios regulatórios surgem com a evolução da engenharia genética, exigindo revisões na legislação para acompanhar as inovações científicas.
A Lei de Biossegurança é essencial para o desenvolvimento seguro da biotecnologia e da medicina reprodutiva no Brasil. Ao estabelecer diretrizes para o uso de embriões e células-tronco, ela equilibra a promoção da pesquisa científica com a necessidade de manter padrões éticos rigorosos. Para que o Brasil continue avançando nesse campo, é fundamental manter um diálogo constante entre a comunidade científica, os órgãos reguladores e a sociedade, garantindo que a legislação acompanhe os desafios e oportunidades das novas tecnologias, sempre com responsabilidade e compromisso com a vida humana.

Jonathan Boncristiano

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