Ovodoação e Epigenética

14 jul, 2023

Atualmente as  mulheres tem adiado cada vez mais  a maternidade e quando se dão conta já não conseguem engravidar naturalmente precisando recorrer à tratamentos como ovorecepção.

Nesse tipo de procedimento, a mulher receberá óvulos doados que serão fertilizados com o sêmen do seu companheiro e o embriãozinho já pronto transferido para seu útero, porém, esse tipo de tratamento ainda encontra muita resistência por gerar  dúvidas e medos sobre as características e DNA do bebê que será gerado.

São frequentes perguntas como: O bebê terá minhas características? Terá meu DNA? E por mais que os profissionais da área afirmem que a seleção doadora/receptora de óvulos é feita de forma muito criteriosa para garantir semelhança física o mais próximo possível, a rejeição a esse tipo de tratamento existe. Para tentar desmistificar muitas das questões que envolve a ovodoação precisamos abordar a influência da epigenética.

A epigenética é a capacidade que o corpo humano desenvolveu de ativar ou desativar alguns de nossos genes de acordo com o meio ambiente ou o estilo de vida que levamos, sem modificar a nossa sequência de DNA. Epigenética é assim tudo que vem além da genética. Nossa fita de DNA continua inalterada, o que vai mudar é se determinado gene referente a uma dada característica vai ou não se expressar e isso vai sendo determinado e moldado pelo meio ambiente.Em uma comparação mais didática, imagine que a genética seria “uma bolinha de barro, ou seja, todas as nossas informações e a epigenética é o que entra moldando essa bolinha de barro”.

Essas mudanças epigenéticas ocorrem ao longo de toda a vida, mas tem início ainda na fase de desenvolvimento intrauterino, ou seja, na fase que o embrião está no útero. Dessa forma, fica claro entendermos a influência e o papel que o útero da paciente receptora de óvulo tem no desenvolvimento do embrião que está carregando.

Pacientes do programa de ovorecepção precisam entender que as características do embrião não vêm apenas do DNA que ele carrega originário do óvulo da doadora e espermatozoide do companheiro, mas são completamente influenciadas e moldada pelo ambiente onde ele está se desenvolvendo, no caso, seu útero. Todas as condições do útero, irrigação da placenta, alimentação da gestante e sensações irão colaborar para a formação das características desse novo ser.

Por muito tempo acreditávamos que o código genético era o que determinava o que éramos sendo impossível mudar, mas hoje está cada vez mais comprovado que nossos hábitos, experiências, dietas e estilo de vida interferem na expressão dos nossos genes sem modificar nosso DNA e é baseado nisso que vemos como a receptora de óvulo deixa suas marcas no bebê que carrega em seu ventre. Com a ajuda da epigenética fica cada vez mais evidente que NEM TUDO ESTA ESCRITO E DETERMINADO PELOS GENES .

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