Ozempic e a fertilidade
17 mar, 2025

O ozempic é um medicamento injetável que combate a diabetes tipo 2 e contém o princípio ativo semaglutida. É utilizado para reduzir o açúcar no sangue (glicose sanguínea) em adultos através de um mecanismo que estimula a secreção de insulina e diminui a secreção de glucagon, somente quando a glicose sanguínea estiver elevada. Recentemente ganhou evidência já que um dos efeitos colaterais é a perda do apetite. Com essa repercussão, surgem muitas dúvidas, e uma das mais comuns é sobre a influência dele na fertilidade.
Em alguns casos o medicamento foi até sugerido para o tratamento da subfertilidade relacionada ao diabetes, excesso de peso e síndrome dos ovários policísticos (SOP). Uma vez que a obesidade em si é um elemento que pode aumentar as chances de aborto e de parto prematuro, levando à infertilidade. No entanto, há escassez de dados sobre a semaglutida e os resultados da gravidez humana. E antes de iniciar qualquer terapia, os pacientes devem passar por triagem para contraindicações, incluindo histórico de pancreatite, retinopatia diabética ou câncer de tireoide.
A síndrome do ovário policístico (SOP) é o distúrbio endócrino mais comum entre mulheres jovens em idade reprodutiva e uma das causas mais comuns de subfertilidade ou infertilidade. Muitas mulheres com SOP também são obesas, e a obesidade influencia significativamente os sintomas, o tratamento e os resultados reprodutivos dessas pacientes, devido à sua influência negativa no eixo hipotálamo-hipófise-ovário (HPO), à redução da qualidade dos ovócitos e às alterações na receptividade endometrial.
Embora a intervenção no estilo de vida saudável desempenhe um papel fundamental na prevenção e no tratamento do excesso de peso em mulheres com SOP e obesas em geral, o papel dos agentes hipoglicemiantes farmacológicos e antiobesidade, na obtenção e manutenção da perda de peso e no fornecimento de potenciais benefícios à saúde, é cada vez mais reconhecido. No entanto, na SOP e em mulheres em idade reprodutiva em geral, o papel destes agentes farmacológicos ainda permanece obscuro.
Pode-se dizer que os agonistas do receptor GLP-1 (GLP-1RAs), como semaglutida, surgiram como novas opções terapêuticas para SOP devido aos seus claros benefícios no tratamento de distúrbios metabólicos. Porém as pesquisas existentes não estabeleceram conclusivamente um uso terapêutico específico para esses medicamentos. Há um interesse crescente em GLP-1RAs como tratamentos potenciais para problemas relacionados à obesidade, incluindo irregularidades metabólicas, hiperandrogenismo, infertilidade e interrupções menstruais, particularmente em mulheres com SOP. No entanto, ainda não está claro se os efeitos positivos dos GLP-1RAs na SOP são atribuíveis apenas à perda de peso e às melhorias metabólicas, ou se eles também impactam diretamente o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HPG).
Assim, essa expansão no conhecimento é crucial para compreender totalmente o potencial dos GLP-1RAs no tratamento dos sintomas multifacetados da SOP.
Autora: Dra. Iara Viana
CRBio: 067096/01-D

Graduação: Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Especialização: Especialização em Embriologia Clínica do PEC-Online
Pós-Graduação: Mestrado em Ciências Veterinárias – Reprodução de carnívoros, onívoros e aves pela UECE, bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES; Doutorado em Biologia da Reprodução pela FMRP-USP, bolsista pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq.
Atividade profissional atual: Embriologista Sênior e Responsável da SEMEAR fertilidade
Anteriores: Professora do curso de Ciências Biológicas na UECE.
Produção acadêmica: 5 artigos publicados.
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